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El Niño deve elevar temperatura global acima de 1,5°C pela 1ª vez; veja efeitos em SC

Um relatório divulgado pela OMM (Organização Mundial de Meteorologia) na semana passada gerou mais um alerta sobre a possibilidade de níveis recordes de temperaturas globais nos próximos cinco anos. O efeito seria sentido em diversas regiões do planeta com ondas intensas de calor, alimentadas por gases de efeito estufa e o evento natural do El Niño.

 

Para compreender melhor como um fenômeno desta magnitude poderia afetar a vida no planeta Terra e em Santa Catarina, o ND+ conversou com a professora e pesquisadora sobre clima do Departamento de Oceanografia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Regina Rodrigues.

 

De acordo com a pesquisadora, existem duas evidências que são usadas para prever o El Niño: as observações oceanográficas no Pacífico Tropical e previsões de modelos climáticos.

A professora explica que “existem mais de 70 boias meteoceanográficas distribuídas no Pacífico Tropical para monitorar esse fenômeno. E essas boias já mostram o aquecimento do Pacífico Tropical, principalmente em subsuperfície”, afirma.

 

“Provavelmente vão aflorar até a superfície no final do ano. A outra evidência é que todos os modelos estão prevendo um El Niño forte para o final do ano”, complementa.

 

Efeitos do El Niño em escala global e áreas mais suscetíveis

De acordo com Rodrigues, como a atmosfera é muito sensível às mudanças na temperatura das águas dos oceanos tropicais e o Pacífico Tropical é muito extenso, esse aquecimento das águas do Pacífico altera a circulação atmosférica em várias regiões do mundo, principalmente na América do Sul e, portanto, no Brasil.

“Além disso, essa elevação da temperatura da superfície do Pacífico Tropical acaba levando a um aumento da temperatura global da Terra. E acredita-se que com o estabelecimento deste El Niño no final do ano, a temperatura global da Terra subirá mais de 1,5°C pela primeira vez na sua história recente”.

 

A pesquisadora lembra que o Acordo de Paris, firmado em 2015, foi estabelecido para que não passássemos desse valor que é considerado o limite seguro.

“Acima disso, os cientistas preveem que o clima ficará muito instável com muitos extremos e perigoso para nossa sobrevivência. É verdade que isso provavelmente será temporário. Mas será a primeira vez que tocaremos nesse limite”, diz a especialista.

 

Possíveis impactos climáticos em Santa Catarina

Independente de o El Niño fazer ou não a temperatura global passar de 1,5°C acima da média, um El Niño forte como se está prevendo para este ano pode causar muita chuva no Sul do Brasil e secas no Norte e Nordeste.

“Por exemplo, as enchentes de 1983 no Vale do Itajaí Açu foram causadas pelo El Niño daquele ano. Em termos de temperatura, a tendência é ficar mais quente no Sudeste e Centro-Oeste, podendo pegar parte de Santa Catarina”, afirma Rodrigues.

 

“É bom lembrar que cada evento de El Niño é diferente do outro e os impactos também variam. Às vezes chove mais no Rio Grande do Sul e às vezes em Santa Catarina”, explica.

Outro ponto importante é que talvez esse aumento na temperatura global cause uma incidência maior de outros extremos, como ventos fortes, tempestades e ciclones. Mas como será a primeira vez, não se sabe ao certo o que esperar neste ano.

 

Medidas de adaptação recomendadas

Para a pesquisadora, a agricultura sem dúvida é a atividade econômica mais afetada, além do turismo. A infraestrutura nas cidades pode ficar comprometida e os setores públicos e privados têm que fazer um acompanhamento constante das previsões climáticas para agir.

“Por exemplo, preparar a Defesa Civil para possíveis enchentes, deslizamentos de terra nas áreas vulneráveis, etc. O aumento da temperatura pode causar uma incidência maior de doenças transmitidas por mosquitos, como dengue e febre amarela, que já estão ocorrendo agora”.

 

Ao ser perguntada sobre como se preparar para os efeitos do fenômeno, a professora explica que devemos seguir as decisões da Defesa Civil caso seja necessário evacuar lugares com perigo de deslizamento e alagamento, ou da Vigilância Sanitária em relação à saúde.

 

“Porém, não adianta pensar nisso só agora na eminência do evento. Medidas têm que ser tomadas a longo prazo para aumentar a resiliência da sociedade. Por exemplo, não deixar construir em áreas muito íngremes ou próximas a rios e praias, proteger os mananciais, mata ciliar e manguezais”.

Por fim, a pesquisadora acrescenta ainda que, depois de deixar esses ambientes naturais de proteção serem destruídos e colocar moradias, fica difícil a população mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

 

“Santa Catarina precisa ter metas de redução de emissão dos gases do efeito estufa também, ou seja, políticas públicas que façam com que a sociedade catarinense seja mais resiliente”.

 

Fonte: ND+

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