Monica Uhlmann Gosch, 45 anos. Laisa Gonçalves, 20 anos. Rozelei de Fátima Trizotto, 43 anos. Três mulheres que tiveram o destino entrelaçado por conta de uma fatalidade. Além de moradoras de Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, todas foram vítimas de feminicídio em novembro, no intervalo de três semanas. Uma “explosão” de ocorrências que tem gerado o alerta das autoridades no município a respeito da importância da prevenção da violência contra a mulher.
Segundo dados da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCAMI) de Chapecó, só em 2023, quatro mulheres foram assassinadas. O número já supera o total do ano passado, quando foram três casos.
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Também houve aumento na quantidade de tentativas de feminicídio: de um episódio em 2022 para dois neste ano. O caso mais recente ocorreu no domingo (26), no bairro Santo Antônio. Um homem de 26 anos esfaqueou a companheira e a sogra, que foram encaminhadas ao hospital. De acordo com a Polícia Militar, o suspeito consumiu drogas antes de cometer o crime. Ele foi preso em flagrante.
A delegada da DPCAMI de Chapecó, Lisiane Jungues, afirma que os autores dos cinco casos registrados neste ano (entre tentativas e consumados) foram presos. No entanto, o intervalo entre os assassinatos acendeu um alerta na delegacia, que analisa a situação.
— Mesmo a gente que tem a demanda com caráter local, ninguém consegue prever [essa fatalidade]. Estamos incrementando ações de prevenção. Inauguramos uma sala de orientação para as mulheres e agora vamos trabalhar na intervenção multidisciplinar. A rede está em contato para analisar esse episódio e pensar em alternativas para evitar que o cenário se repita — explica.
Perfil das vítimas
Das três mulheres assassinadas, duas foram mortas a facadas. Além disso, as vítimas tinham idade entre 20 e 45 anos. No entanto, Lisiane pontua que não é possível desenhar um perfil do agressor e da vítima, já que os casos ocorrem com pessoas de diferentes idades e classes sociais.
— É difícil prever um evento desses. Por isso a importância da mulher pedir ajudar. Nós temos muitos casos aqui em Chapecó de mulheres que pediram medidas protetivas de urgência e que, a partir do momento que elas tomaram a atitude, a violência recuou — alega.
Já em relação ao aumento nos casos, ela analisa que a situação pode ter ligação com a subnotificação, que muitas vezes acaba atrapalhando na análise dos órgãos oficiais.
— As medidas são tomadas o tempo todo. Quando foge do padrão de normalidade, o foco é fazer com que a rede se aproxime e pense medidas que vão além, para evitar novos resultados dessa natureza — diz.
Relembre os casos
O primeiro caso ocorreu em 3 de novembro. Monica Uhlmann Gosch foi morta a facadas pelo ex-marido quando estava a caminho do trabalho, no Centro da cidade. O casal estava separado há três meses e a mulher tinha medida protetiva contra o suspeito, que foi preso.
Já o segundo ocorreu em 13 de novembro. Laisa Gonçalves, de 20 anos, foi morta a tiros no momento em que chegava para trabalhar na localidade Linha Serraria Reato, no interior de Chapecó. A jovem já havia registrado boletins de ocorrência contra o ex-companheiro por ameaça, mas não tinha medida protetiva, segundo a PM. O suspeito foi preso em flagrante.